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[Anamórficos XX] – Combinações Ideais.

July 4, 2013

Viemos pra Salvador nesse fim de semana. Estamos imersos no Arraial e aproveito a ocasião pra conduzir diversas experiências com nossas queridas lentes estranhas. Terei grandes novidades quando a temporada acabar, então é bom fazer esses testes logo! Essa primeira não tem nada de anamórfica, mas gostei muito do look, é uma lente de cinema mesmo, russa, LOMO, que não opera muito bem na 5D, mas contornamos as limitações para essa foto. Dá pra ver um tanto de vinheta nas bordas, e o foco máximo antes do elemento traseiro chegar no espelho é de mais ou menos 1m. O desfoque dessa lente é uma coisa linda e abençoada. Reparem nas luzinhas suaves lá no fundo, e na modelo incrível em foco na frente!


LOMO OKC11-35-1, traduzindo: 35mm T/2.2, OCT-19

Agora vamos às combinações ideais. A idéia desse post é explicar porque algumas lentes formam bons pares (esférica e anamórfica), aproveitando as características mais fortes de ambas as partes.

Mir-1B + Century Optics (1.33x)

Uma das minhas favoritas, já tem algum tempo, é a Mir-1B (37mm f/2.8) e o Century. Com ela, a gente tem algo perto de 24mm na horizontal, que já é bem grande-angular, e um pouquinho de vinheta nas bordas. Acho que a combinação é boa porque é praticamente o mais aberto possível de se chegar com o Century, enquanto mantemos uma profundidade de campo decente, e aproveitamos as diferenças visuais proporcionadas por grandes-angulares, como a desproporção entre assuntos mais próximos e mais distantes da lente.

Para planos mais distantes, não são necessários close ups, e quando a ação se aproxima da câmera não há nada que o dióptro certo não resolva – o que não é um fator negativo de forma alguma: as características do anamórfico são acentuadas com o bom uso de close ups. Infelizmente o Century não produz um desfoque ovalado, mas os flares são inconfundíveis: linhas azuis bem fortes e saturadas, numa pegada quase sci-fi futurista.

Um dos pareamentos mais leves de todos, ambas Mir e Century são levinhas, não passando dos 400g quando combinadas.




Jupiter 9 + Kowa for Bell & Howell (2x)

A próxima dupla é uma que já não tenho mais, mas era tão incrível que foi o grande motivo pelo qual demorei tanto de vender o Kowa Bell & Howell. Combinado com a Jupiter 9 (85mm f/2), o resultado era arrebatador. O grande ponto fraco dessa dupla é a necessidade de fazer foco separadamente em ambas as lentes. Isso consumia um tempo infinito – nunca peguei a prática de verdade – e por isso nem sempre ficava perfeito. 85mm também é o mínimo necessário pro Kowa não criar bordas pretas na imagem, e a imagem resultante equivale a algo perto de 40mm na dimensão horizontal.

Os flares do Kowa, por sua vez são quentes, amarelo alaranjados e menos definidos que os do Century, por exemplo. Combinada com close ups, essa dupla de lentes produz imagens verdadeiramente cinematográficas (dá pra ter uma noção disso com os meus exemplos fuleiros logo abaixo). O desfoque ovalado é acentuado com os close ups. Foi meu único flerte sincero com a janela de 3.56:1, que de tão comprida mais parece uma tirinha. Ainda gosto bastante do desenho e devo retomá-lo com as LOMOs: acho que combina muito com épicos e boa decupagem.


Kowa for Bell & Howell + Helios 44-2 Flare

Além de todo o resto, o peso dessa dupla já é bem maior, afinal tanto o Kowa como a Jupiter são pesadinhos, totalmente metálicos e resistentes. Combinadas, acho que ficam na casa dos 750g.





Helios 44 + Isco Widescreen 2000 (1.5x)

Juro que não foi proposital escolher lentes com stretches diferentes, mas acabou acontecendo! E o mais curioso, cada uma delas com a menor distância focal sem vinhetas. Anyway, retomando o assunto, assim que o Isco Widescreen 2000 chegou, testei pareá-lo com a Helios e desde então eles quase nunca se separam. O próprio visual do conjunto é de uma peça só, e não duas lentes conectadas, não acham?

Apesar do foco fixo (entre 6m e o infinito), a qualidade de imagem do Isco é muito superior à do Century. Com uma adaptação pra utilizar close ups, ele fica imbatível, especialmente em grandes aberturas, onde a maioria dos anamórficos sofre. Uma vez que seus elementos são circulares (os do Century são quadrados), ele já produz o desfoque ovalado tão desejável. Para planos próximos, com o uso de close ups, essa característica é evidenciada em imagens realmente cinematográficas.




Por ser uma lente mais nova/moderna, ela é multicoated, o que acaba influenciando terrivelmente nos flares. É bem difícil de conseguir borrões de luz nesse Isco, mas quando eles aparecem são bonitinhos e azuis. Como essa lente em particular tá meio desgraçada – separação nos elementos traseiros, decorrente de impacto, antes de chegar até mim – ocasionalmente aparecem umas manchas brancas quando a luz entra direto na direção do sensor, por se espalhar toscamente nessa área de separação. Fora isso, flares laterais funcionam direito, especialmente com lanternas potentes.

Apesar de o Isco ser mais pesadinho, a Helios é extremamente leve, e esse kit tem o peso de aproximadamente 450g.

Pra fechar o post, uma coleção inspiradora de um coleguinha do exterior. Não dá nem pra calcular direito o valor somado das lentes nessa foto, mas garanto: dá pra comprar um carro popular. Quem me dera fossem minhas!