Anamorphic Day-to-Day

[Anamórficos XXV] Letus35 e SLR Magic.

September 14, 2013

Antes que alguém apareça por aqui pra dizer que eu não tô sabendo de nada dos novos anúncios e informações sobre anamórficas modernas, que chegam ao mercado em breve, vamos às informações sobre a Letus35 e a SLR Magic. Ambas tem algumas semelhanças, mas público-alvo diferente, acredito.

Começando pela Letus35, a empresa foi uma daquelas que fazia adaptadores de lentes SLR para câmeras mini-dv – que nem isso aqui – e depois ficou fabricando rigs, peças de alumínio e outros brinquedos menos específicos. Na quarta feira (11 de Setembro), estouraram por aí alguns posts relacionados a esse adaptador anamórfico. É curioso que ele tem muitas coisas em comum com aquele projeto de rehousing do LA7200 que postei por aqui um tempo atrás. Parece que o pessoal da Letus fez uma master pesquisa online sobre os pontos do Panasonic que poderiam ser aprimorados, de acordo com usuários diversos, e colocou todos eles em prática numa peça só. É impossível não perceber semelhanças entre os dois modelos, especialmente porque o Letus é quadrado!

Vou então passar pela lista de especificações postada por Clinton Harn, numa tradução grosseira, com alguns comentários próprios. Se você tá a fim de sacar a lista original, tá aqui o blog do sujeito com o post.

O adaptador encaixa numa faixa de preço próxima de US$1700, e promete alta qualidade combinada com simplicidade de uso. É compatível com diversas lentes, numa lista muito maior que a adaptadores vintage (também conhecidos como Panasonic e Century). Primeiramente será lançado um adaptador universal, que funciona muito bem com alguns alcances de lentes zoom – são cinco tipos diferentes, 16-24mm, 24-35mm, 35-70mm, 70-125mm, 100-200mm), e posteriormente, versões otimizadas para distâncias focais específicas, para performance aprimorada em lentes fixas.

Possui um anel de foco já com engrenagem padrão (pitch de 0.8mm), e três posições “padrão”: foco próximo, médio e distante, e que podem ser ajustadas através de pequenos movimentos no foco. Funcionamento bem semelhante ao Century WS-13, que também é focus-through, mas possui um anel de foco para ajustes. Só que o da Letus tem engrenagenzinhas. Cada versão pode ter ajustes de foco ou não, dependendo da distância focal da lente. Por exemplo, as lentes para 16-24mm, 24-35mm e 35-70mm não possuirão ajuste de foco, a 70-125mm terá duas posições de foco, e a 100-200mm terá os três ajustes mencionados a princípio. Ficou confuso? Eu também achei confuso no anúncio.

Alta resolução, capaz de 2000 linhas com a maioria das lentes (enquanto isso, o Panasonic resolve 500 no centro, e em torno de 150 nas bordas).

Elementos ópticos projetados especialmente para o adaptador – e não uma reciclagem de vidro de outras lentes.

Lentes multi-coated para qualidade de imagem superior, mas ainda apresentando um flare elegante (também será oferecida uma opção single-coated, para flares mais intensos, apesar de a versão multi-coated ter melhor resolução).

Corpo em alumínimo, quadrado, já com mattebox – uma das maiores críticas ao Panasonic é que seu corpo é de plástico, e é preciso improvisar com a questão do mattebox.

É preso à lente base através de um anel clip, que funciona pela pressão exercida por um único parafuso. O tamanho padrão é de 114mm (ou 4.5″), para lentes de cinema como as Zeiss CP*, mas também existirão adaptadores para lentes menores, com roscas de 77, 82mm, etc.

Finalmente, squeeze de 1.33x, que produz imagens CinemaScope (2.39:1) diretamente a partir de sensores 16:9, eliminando a necessidade de cortar fora as laterais do material captado.

Achei bem curioso que só foi exibida uma única imagem do vidro do adaptador, que tem se replicado por aí – é essa foto que apareceu lá em cima -, e algumas outras dele visto por trás, anexado a uma lente. Mas não dá pra saber se é um pedaço oco de alumínio.

A – também única – imagem teste disponível é de um caminhão, coisa bem de quem precisava fazer um teste, mas não tinha nenhuma idéia, e só desceu do prédio para tirar uma foto na rua. É possível perceber bordas bem problemáticas, especialmente do lado direito, com perda de resolução intensa, mas, afirmam: não é a versão final, e isso será melhorado. Ah, essa foto supostamente foi feita com uma 200mm, numa câmera de sensor APS-C, o que é bem bacana, uma vez que é impossível conseguir o Panasonic ou Century funcionando nessa distância focal, mas também não há nenhuma comprovação dessa lente base ou modelo da câmera.

Dá pra perceber que tenho bastante desconfiança desse treco, né? No Twitter, a Letus anunciou que ele será lançado no mercado entre Outubro e Novembro (na verdade, foram dois posts diferentes, onde cada um diz um mês). Vamos aguardar e ver. Felizmente, é esperado que mais ou menos nessa mesma época esteja saindo o adaptador da SLR Magic, que será comentado logo abaixo.

Para outros comentários sobre o Letus, tem um artigo mais otimista aqui no nofilmschool.

Agora, o adaptador da SLR Magic. Como era de se esperar, Andrew Reid já fez uma série de posts sobre a lente, um só com comentários sobre um vídeo teste, outro sobre a lente, de forma geral, após tê-la nas mãos por alguns dias, e um terceiro, com o material produzido nesse período e comentários mais específicos sobre performance e até uma enquete sobre a qualidade dos flares.


Foto por Andrew Reid, EOSHD

Não dá pra eu fazer melhor que ele, que teve a lente nas mãos, então recomendo bastante a leitura dos posts do mestre. Algumas coisas importantes a saber, se você não tiver paciência pra ler, é que o adaptador também tem stretch de 1.33x, foi projetado para melhor performance com as lentes da SLR Magic – claro -, atingindo os melhores resultados com câmeras de encaixe micro 4/3, como a série GH da Panasonic, ou a Blackmagic Cinema Camera. Ainda assim, funciona bem em full-frame, livre de vinhetas a partir de 50mm graças a um elemento traseiro grande (aproximadamente 50mm de diâmetro).

A qualidade de imagem é garantida entre f/2.8 e f/4, mas aceitável em f/2 para material em baixíssima luminosidade. Um pouco soft, mas aceitável.

Em termos de foco, dispensa ajustes de 3m em diante, e para objetos mais próximos que isso, possui um anel móvel que permite foco entre 1.4 e 3m. Andrew sugere que o funcionamento desse anel seja simplificado – uma vez que ainda é um tanto lento – e que o foco mínimo venha até 1m. Esse anel de ajuste elimina a necessidade de close ups, diminuindo o volume de equipamento necessário nas filmagens. Ainda assim, a lente tem rosca para filtros de 77mm.

Andrew compara a lente ao precioso Iscorama 36, em termos de performance e peso, ainda que o adaptador da SLR Magic tenha corpo de alumínio, e o Iscorama seja de plástico. Claro, como é uma lente moderna, pós-boom anamórfico, já tem sua própria rosca para ser acoplada às lentes base, dispensando clamps e improvisos. Sendo muito parcial, prefiro esse método de funcionamento do que o encaixe por pressão do Letus.

Os flares ainda estão sendo trabalhados, e a SLR Magic pede comentários da comunidade anamórfica em relação ao que desejam na versão final da lente. A grande questão gira em torno de flares alaranjados, ou azuis, do jeito que estão – absurdamente fortes, variando de acordo com a cor da fonte luminosa -, ou totalmente limpa, sem flares. Essa característica, tanto de cor como de intensidade, é determinada pelos coatings a serem aplicados sobre a óptica.

Ah, claro, o preço desse treco vai ser em torno de US$1500, e a previsão de lançamento é mais para o fim do ano, provavelmente meados de Novembro ou Dezembro.

Pronto, agora tá todo mundo atualizado!