Day-to-Day

Killzone: Shadow Fall

June 9, 2014

Esse post vai ser o primeiro de um gênero, então tem um pouco de “previously”, ok? Escrevi tanto do PS4 que fiquei pensando, nos últimos dias, sobre meu relacionamento com jogos – virtuais -, de forma geral, desde pequeno, e a historinha vai ter que ficar pra outro post, porque é longa. O ponto é: já joguei muita coisa – boa e ruim – de muitos gêneros – com alguns mais favoritos que outros – e acredito que dá pra extrapolar os meus conhecimentos de audiovisual e experiência como gamer pra escrever reviews das coisas que tenho testado por aqui, afinal, essas duas indústrias tem se aproximado cada vez mais ao longo dos últimos anos.

Começando então com alguns pontos básicos: não jogo QUALQUER JOGO, assim como não vejo QUALQUER FILME. E, assim como no cinema, tenho uma tendência de me afeiçoar mais a blockbusters do que coisas intimistas e sem correria. Os gêneros mais populares que devem aparecer por aqui são FPS (first person shooters), RPGs e aventura (acho que todo jogo é de aventura, mas não sei definir melhor esse gênero), onde entram jogos em terceira pessoa, e coisas mais diferentes. Ah! Também não sou fã de multiplayers, então vou falar principalmente das campanhas single-player, sempre conquistadas no nível de dificuldade mais alto disponível! (quantas restrições…)

Pra começar, já vou chutar o balde e falar sobre o Killzone: Shadow Fall, para PS4, que chegou por aqui anteontem e terminei de jogar agorinha. Killzone é uma franquia de FPS desenvolvida pela Guerrilla Games, exclusivamente para os consoles da Sony, cujo primeiro título foi lançado em 2004, para o Playstation 2. Desde que vi o trailer de Killzone 2 (também para PS2), em 2009, comecei a lamentar o fato de não ter um videogame. Ano passado a oportunidade surgiu, peguei o PS3 do Victor – irmão da May! – emprestado e comprei uns jogos pra brincar. Entre eles, Killzone 3.

A franquia tem uma premissa bem fuleira, onde duas “variações” de humanos (Vektans e Helghans) estão em guerra constante. Até Shadow Fall, os Helghans sempre foram mostrados como muito uma nação belicosa, cruel, os verdadeiros vilões da galáxia. O uniforme dos soldados, a cor vermelha, as bandeiras, e tudo mais acaba remetendo ao nazismo – e o sotaque alemão dos comandantes Helghans só reforçam essa sensação.

Fica então uma parada meio “Segunda Guerra Mundial do futuro”, e a maior parte da ação se passa em campos de batalha imensos, com inúmeras tropas de ambos os lados. Convenhamos, é fuleiro, e raso, quando comparado a qualquer blockbuster multiplataforma (ou seja, que é lançado não só para Playstation, mas também Xbox, PC etc..) moderno. Mas a ambientação é interessante, a ação é alucinante, então valia a pena arriscar, pelo desejo que tinha sentido pela versão anterior (Killzone 2). Nunca tendo jogado um FPS em controles outros que não um teclado e mouse, acostumar a mira e os comandos com o controle dualshock foi um tanto sofrido, e sofri de novo me re-adaptando no PS4.

Ao final de Killzone 3, o planeta natal dos Helghans é destruído pelos Vektans, e a animosidade entre as duas nações está acabada (basicamente porque os Helghans são praticamente extintos no processo). A avaliação da crítica, de Killzone 3, é uma das piores da série, mas como era minha primeira vez nesse universo, nem fiquei muito atento enquanto jogava. Dessa vez foi diferente, e chega de falar do passado. Vamos falar de Shadow Fall.

Começando pela capa, que é muuuito bonita, minimalista, e que passa bastante do espírito que será encontrado no jogo. Geralmente sinto que as capas de jogos são simples figuras que estão ali, pra ter o título em cima, mas essa realmente ganhou meu coração.

A história começa trinta anos depois da destruição de Helghan, contando que o governo de Vekta abriga os sobreviventes da raça em seu próprio planeta, cedendo para eles metade do globo, em especial, metade da capital, agora dividida por uma imensa parede (essa que aparece aí na capa). De um lado, Vektans, do outro, Helghans (também na capa!), e numa referência mais do que óbvia à Guerra Fria – essas referências e o clima de “guerra não declarada” vão se intensificando ao longo da trama.

Como não podia perder os clichês, os Helghans recém chegados já começam a tocar o terror na galera que ficou do lado deles, e matar geral os pobres civis de Vekta. Nessa hora a parte jogável começa e, como todo shooter, temos uma série de “tutoriais” para que o jogador aprenda os comandos e movimentação dos personagens, enquanto ainda não tá no meio do mata-mata. Aqui controlamos Lucas Kellan, um garotinho de (estimo) seis anos, que, acompanhando o pai, tenta chegar até a Parede, para cruzar para o lado civilizado (Vekta).

O pobre do pai do moleque é morto no processo, e a fuga é levada a cabo com o auxílio de um Shadow Marshall, Thomas Sinclair (provando a aproximação entre jogos e filmes, Sinclair é dublado por David Harewood, que fez a série Homeland, Diamante de Sangue, e também dublagens para Battlefield 3). Aí temos algumas elipses de tempo – indicadas na tela, onde acompanhamos o crescimento de Lucas, e a proximidade de Sinclair, que é como um pai para o rapaz, e o guia em meio às patentes da tropa, para ser um Shadow Marshall também. O personagem de Sinclair é bem superficial, e isso se evidencia em diversos diálogos ao longo do jogo. O vilão Helghan (Tyran) também é muito raso, e os únicos personagens que escapam um pouco disso são Echo (a mestiça Helghan e Vektan que passa a acompanhar Lucas a partir da metade do jogo) e o próprio Lucas (a menos que o jogador seja uma pessoa rasa, claro!)

Temos então dez missões, que envolvem um tanto de furtividade no começo, e roubar informações, infiltrar em lugares, e passam a escalas mais absurdas, de perseguição a terroristas fugitivos, enfrentar batalhões inteiros de Helghans sem tropas para dar apoio, sempre se comunicando com Sinclair, para passar informações e receber novas ordens. E a matação segue indiscriminada, com um arsenal muito diversificado, com armas para todos os gostos, granadas e hordas de inimigos relativamente inteligentes (eles fazem umas burradas de vez em quando, mesmo no nível Hard).

Temos alguns trechos em que o personagem não tem uma arma na mão (no começo, quando ele ainda é criança), e quando está voando à deriva pelo espaço, nas redondezas de alguma nave ou base que deve ser invadida. Esses momentos são estranhos, difíceis de controlar, e não acrescentam muito à diversão. Tirando esses trechos, a jogabilidade é bem tranquila, com comandos que fazem sentido e são acessíveis aos dedos no controle.

Senti um pouco de estranheza porque não podia dar alguns comandos simultaneamente, mas desconfio que era pra ser desse jeito mesmo. Além disso, presenciei algumas quedas de framerate (a imagem fica travando e o som continua normal), especialmente nos cinematics entre uma missão e outra, e UMA única pausa para carregamento, no meio da oitava missão.

A grande inovação em relação a outros jogos do gênero vem com uma ferramenta/arma dos Shadow Marshalls, o OWL: um drone que fica preso às costas do jogador. Com comandos rápidos e simples no trackpad, você consegue alternar entre as quatro funções da nave (ataque, escudo, choque e rapel) no meio do combate para maior eficiência. Ele também é utilizado para hackear terminais, alarmes e alguns objetivos principais de várias missões. O uso do drone varia muito de jogador para jogador, mas achei ele sensacional para flanquear inimigos, atraindo sua atenção para o robô, enquanto eu dava a volta e pegava eles desprevenidos pela lateral. É como jogar com outro jogador, só um tanto menos esperto, e sem a preocupação de seu coleguinha morrer, porque quando a energia do drone acaba ele volta para suas costas e fica lá recarregando por um tempinho, antes de poder ser reenviado para a batalha.

Em meio a toda essa adrenalina, existem trocentos itens espalhados pelos cenários, que podem ser coletados pelo jogador. São jornais, quadrinhos, audiologs e dossiês que aprofundam a história em curso, com registros de personagens de ambos os lados, com suas opiniões e dilemas. Acho que esses audiologs dão uma melhorada na trama, mas como não são peça chave, podem passar totalmente despercebidos.

O visual é sempre impressionante, e a iluminação do jogo é (no mínimo) admirável. Temos todos os tipos de ambientes, desde uma floresta tropical, passando por estações espaciais mal iluminadas, a cidade de vidro que é Vekta, favelas de New Helghan e o planeta natal destruído dos vilões. Em diversos momentos, quando não tava preocupado em me manter vivo, passei minutos e mais minutos olhando os arredores, aturdido com o alto nível de detalhamento que o jogo tem. Dá pra perceber isso sem esforço no trailer abaixo!

Concluindo, o jogo vale a pena pela diversão dos tiroteios, que são absurdos e deixam o jogador agir de acordo com sua criatividade, seguindo seu estilo próprio – avançar pra cima de todo mundo, atirando, explodindo, ficar mais pra traz e apagar os inimigos com mais calma, tentar ser furtivo, matando os desatentos primeiros, mandar o OWL fazer todo o trabalho, qualquer coisa – e isso é bem positivo em termos de replay, porque você pode vencer cada batalha de uma forma diferente da que já tinha feito antes. A história é bem fraquinha, mas consideravelmente mais densa e inovadora do que as edições anteriores – não que isso seja algo positivo, é só menos negativo. Se fosse um filme, e a trama fosse essa, eu teria assistido antes de dormir, mas as missões vão ficando tão absurdas e a dificuldade aumenta tão rápido que a história consegue passar. E o visual é definitivamente um ponto positivo. MUITO positivo. E tem flares anamórficos – dos melhores que já vi num jogo.

Devo dizer, porém, que senti falta de pontos altos ao longo do jogo, mesmo nos tiroteios. Tem partes mais DIFÍCEIS, mas não tem muitos momentos que você vê o que tá acontecendo e abre aquele sorrisão, porque é absolutamente incrível, e você tá ali no meio. Isso pode ter ficado meio confuso agora, mas quando eu for escrever sobre Battlefield 4, vai ficar mais do que óbvio.

Nota: 7/10

De brinde, pra fechar essa primeira crítica, um curta live-action baseado na série, desenvolvido pela mesma galera da Infectious Designer, que fez o Half Life: Beyond Black Mesa.

  • TFerradans. · Far Cry 3 – Blood Dragon. June 9, 2014 at 2:54 pm

    […] daquela usada pelo Exterminador do Futuro, filme lançado em 1991, e a lista segue. Diferente de Killzone: Shadow Fall, que se apega muito ao realismo de seu próprio universo, Blood Dragon tem muitos picos de […]

  • TFerradans. · Battlefield 4 June 16, 2014 at 2:12 am

    […] tinha falado de Killzone, que faltavam momentos mais emocionantes, Battlefield tem de sobra. O jogador participa de […]