Day-to-Day

UP12 – Close-Ups.

June 23, 2014

Mesmo com tantos apetrechos que podem incrementar nossa visão, nossos olhos já são bem incríveis. Um problema é que, a partir de certa idade, é comum o enrijecimento das membranas do olho, causando presbiopia. A consequência mais notável da presbiopia é que ler e escrever se tornam tarefas muito mais cansativas, uma vez que é preciso aplicar muito mais força nos olhos para conseguir focar aquelas letrinhas pequenas tão próximas. A solução são os óculos de leitura, que tem como função tornar visíveis detalhes mais próximos dos olhos. A intensidade da correção óptica de quaisquer óculos segue um padrão: aqueles numerozinhos que todo mundo chama de “grau”, mas ninguém sabe a medida, são dioptrias. Não vou entrar nos detalhes matemáticos e físicos dessa conta, mas é relativamente simples.

Ok, e como é que os óculos de leitura e essas tais de dioptrias entram na fotografia? Sabe aquele filtro estranho, que parece uma bolha de vidro, e que muita gente chama de filtro macro? Então, ele também atende pelo nome de close-up – ou dióptro – e funciona de forma idêntica a um óculos de leitura para a sua lente fotográfica. Close-ups são lentes auxiliares que podem ser compostas de um único elemento óptico ou dois elementos (são os chamados “acromáticos”).

Assim como os óculos, close-ups são classificados de acordo com sua força, em dioptrias. Temos valores de +0.25 até +10. Um close-up é sempre colocado em frente a uma lente e o seu efeito é “limitar” a distância atingida com o foco no infinito. O “novo infinito”, é bem mais próximo e representa a máxima distância focável, podendo ser calculada de acordo com a intensidade do filtro. A matemática é bem simples, mas precisamos definir duas variáveis.

MaxF = máxima distância focável, medida em metros
S = força do close up

\text{MaxF}=\frac{1}{\text{S}}

Dá pra entender daí que quanto maior a força do close-up, mais próximo é seu foco máximo. Existem então duas conseqüências muito óbvias. A primeira é que não dá para fazer foco em nada além da distância calculada. A segunda é que as marcas de foco existentes lente não indicam as distâncias corretamente. Seria necessário fazer uma proporção adequada ao novo infinito da lente, mas isso não é fundamental. É só ir ajustando no olhômetro mesmo pra ver quando tá em foco. Para cenas próximas, uma boa técnica é fazer foco no infinito e movimentar a câmera até que o assunto entre perfeitamente em foco. Sua movimentação não deve passar de uns poucos centímetros.

A aparência do filtro, aquela bolha de vidro, muitas vezes bastante acentuada, já indica onde ele vai pecar: a curvatura do centro estará perfeita e tudo que for fotografado naquela parte do quadro vai apresentar grande qualidade de imagem, mas conforme vamos para as bordas e cantos da fotografia, não é preciso muito esforço para notar a intensa aberração cromática e perda de definição.

E o que os dióptros de dois elementos, ou acromáticos, têm de tão especial? Esses surgiram voltados para aplicações que necessitavam de grande qualidade ainda que a curtíssimas distâncias – por exemplo, microscópios, ou lentes de cinema – e, claro, acabaram ganhando versões para o mercado fotgráfico. A função do segundo elemento óptico é justamente de corrigir a aberração cromática e perda de definição causadas pelo primeiro elemento. O ganho na qualidade da imagem é incrível, assim como o aumento dos preços!

Através do uso desses filtros, abre-se um mar de possibilidades como, por exemplo, usar uma daquelas super-teles, que falamos um tempo atrás, para fazer imagens “macro” sem a necessidade de chegar tão perto do assunto fotografado, e driblando sua limitação de foco mínimo! O ângulo de visão reduzido da lente, combinado com o “novo infinito” proporcionado pelo close-up acabam resultando em um fator de ampliação do assunto.

Outra coisa muito curiosa que é possível através de close-ups parciais (metade do filtro é vazada, sem vidro algum), é ter foco em distâncias completamente diferentes numa mesma imagem. Orson Welles utilizou bastante essa técnica em vários de seus filmes para conseguir foco simultâneo em personagens que estão em primeiro plano e em personagens bem afastados da câmera.

Pronto, agora você já sabe o que fazer quando sua câmera estiver com a vista cansada, se recusando a focar objetos realmente próximos!


Coluna Ultrapassagem, Publicada originalmente na Revista OLD #26, em Outubro/2013

  • Raissa Baggins September 24, 2014 at 9:26 pm

    pqp eu querendo saber sobre intercâmbio no Canadá e até aqui aparece matemática kkkk