Day-to-Day

Vendedores, Bikes, Ônibus e Eletrônicos.

August 24, 2014

Sexta foi um dia muito louco. Na quinta a gente foi na BestBuy comprar umas caixinhas de som, e já fizemos um mega projeto de multi-conexões entre a turntable, tv, computadores e celulares, tudo com um turbo sonoro proporcionado por um treco chamado “soundbar” que eu nunca tinha visto na vida, mas que tem bluetooth e torna a vida toda uma grande praticidade. Desde então, a gente tá constantemente ouvindo música e mandando alguma coisa de som pra tal barra, só pra aproveitar a possibilidade.

Bom, isso era só um parênteses pra falar de sexta, e agora vai. Logo que a May chegou aqui, a gente foi num brasileiro, via facebook, que tava se desfazendo de sua bike, e comprou a desgramada por $150. Barato, por uma bike com freios e pneus novos, e em bom estado de funcionamento. A May não tinha se adaptado muito na primeira andada, então fiquei usando essa bicicleta ao longo da semana, pra testar. Na quarta, estourei a corrente na hora que tava começando a andar pra sair de um sinal, na rua, indo pra aula. Tive que ir o resto do caminho a pé, carregando a bike e voltar empurrando pra casa, mais tarde. Nada pior que andar por ruas lotadas empurrando uma bike, sério.

Então, na sexta, como tínhamos tempo, resolvemos ir na mesma loja onde o Nicko tinha comprado a bike dele, porque queríamos consertar a corrente, trocar o guidão por um mais alto, ver uma cesta, trocar o banco, o escambau. Um tune-up total na pobre bike. Chegando lá, o vendedor já deu uma bronca na gente, porque a bike era claramente maior que o tamanho adequado pra May. Nem arrumando tudo aquilo, a bike ficaria boa. Tinha que vender essa e comprar uma nova, numa loja de bikes, pra ser do tamanho certo, e ter garantia de que tá tudo funcionando.

Depois do pânico de ter que procurar uma nova bike, criamos coragem pra passar em casa, deixar essa problemática descansando na varanda e partir pra Ride On Again, onde comprei a minha bicicleta também, pra procurar uma menorzinha pra May. Juntamos todas as moedas da casa pra poder pegar o ônibus. Não dava o total que precisávamos. Entramos numa loja de conveniência e compramos uma água e um chocolate, pagando com $50, só pra conseguir mais moedas. O plano deu errado, e não ganhamos quase nenhuma moeda de troco, mas a mulher da loja disse que era tranquilo pagar com cédulas, que o motorista não podia recusar nem expulsar a gente do ônibus.

Fomos então pro ponto e ficamos esperando o bendito. Depois de vários minutos e muitas piadas terríveis, o ônibus apareceu e embarcamos. Falando com o motorista, tomamos uma mega bronca, de que era nossa responsabilidade ter as moedas pra pagar, que a máquina não aceitava notas, etc. No fim, ele perguntou pra onde a gente tava indo, e deixou a gente andar de graça. Aí um cara virou pro Nicko e pediu pra tirar uma selfie “com ele e sua barba”. Acho que foi a coisa mais inusitada do dia. Depois disso, a viagem seguiu sem maiores surpresas e chegamos na Ride On Again rapidinho.

Lá, a May foi muito bem atendida e acabou comprando uma bike nova bonitíssima, capacete, tranca e todos os aparatos pra poder andar pelas ruas. No caminho de volta já aprendemos como pegar ônibus carregando a bicicleta (tem uma paradinha na frente do ônibus, onde você põe a bike, pura tecnologia), que foi mais uma das lições do dia. No finzinho da tarde, resolvemos sair de bike, pra praticar um tanto – a bike do Nicko é fixa, e freia conforme ele pedala mais devagar, e ele SEMPRE tem que pedalar, inclusive nas ladeiras mais absurdas. A May também tava querendo ganhar mais confiança pra andar pelas ruas, mas não tava se sentindo muito bem e acabou ficando em casa.

Fomos eu e o Nicko, pela orla até o Stanley Park. Tentei achar o caminho pra dar a volta no parque todo, mas acabamos saindo antes do meio do trajeto, por motivos de “nos perdemos”. Na volta pra casa passamos por umas ladeiras escrotíssimas e chegamos colocando os pulmões pra fora pela boca. Combinamos de ir de novo hoje cedo, e aí sim fomos os três, e consegui achar o caminho pra dar a volta completa no parque. No fim, andamos perto de uma hora e meia, e rodamos quinze quilômetros sem muita exaustão (exceto pro Nicko, que pedala freneticamente o tempo todo). Comemos até um crepe salgado com limonada na volta pra casa, pra abastecer o estômago com comidinhas.

Voltamos pra casa e aí nos separamos de novo. A May tava com fome (não se interessou muito pelo crepe) e ia no mercado caçar alimentos. Eu e o Nicko criamos coragem pra andar mais uma hora e meia, incluindo metrô, até a Main Street para comprar componentes eletrônicos e trabalhar numa idéia de seta para as bikes, tipo uma de carro mesmo, que você aciona no guidão, e uma luz pisca atrás, indicando o lado para o qual você pretende virar. Visitamos duas lojas diferentes, na mesma quadra, uma a menos de 30m de distância da outra, e com atendimentos tão radicalmente diferentes, que mal pareciam vender a mesma coisa. Entre nossos itens da lista, tinha uma bateria USB. O cara da primeira loja nem entendeu o que diabos era uma bateria USB e tentou vender carregadores de celular para carro pro Nicko, entre outras tralhas. O da segunda loja tinha a bateria, mas como era recém chegada, ele se recusou a vender até terminar sua bateria de testes, garantindo a qualidade do produto. Fiquei impressionado e admirado com essa atitude.

Quando já estávamos voltando pro metrô, lembramos que uma peça tava faltando e tivemos que voltar pra loja, que agora tava lotada, e levou vários minutos até sermos atendidos de novo… No fim, saímos abastecidos e nos arrastamos no caminho de volta pra casa. Por aqui, a May tinha feito um almoço delicioso de carne de panela e batatas que a gente se afundou. Depois, ficamos duas horas e meia ouvindo Dave Van Ronk e soldando pecinhas uma na outra, até o circuito todo funcionar perfeitamente de primeira tentativa.



Agora só falta fazer o resto todo das setas, e tá pronto (até parece que é moleza assim). Vai dar um trabalho do caralho, mas se conseguirmos concluir tudo, vai ser incrivelmente bonitinho, prático, seguro e resistente. Quantas qualidades, hein?

Bom, chega disso, vou colocar aqui um vídeo do treco funcionando, só pra não ficar um post desimagético.