Day-to-Day

[CINE] Prazer Extremo.

April 27, 2010

Como muitos aqui (não) sabem, dediquei boa parte do final de semana ao primeiro Cine do ano. Fui convidado, assim, meio despretensiosamente, semanas atrás, para ser Assistente de Elétrica (subdivisão de Fotografia) e topei sem titubear.

Quando digo que dediquei boa parte do fim de semana, é porque os horários foram bastante conturbados. Na Sexta as atividades começaram às 7h30 e terminaram às 22h, no Sábado, de 8h30 às 23h, e por fim, no Domingo, das 7h30 às 01h00 de Segunda. Isso foi tenso para todo mundo, e não tinha um que estivesse animado ao final da jornada. O ambiente principal de minhas atividades é esse quarto mal iluminado, separado do cenário por uma parede de madeira com uns dois metros e meio de altura (talvez três metros).

No primeiro dia, contei com o apoio de Lucas, esse sujeito caçando luz na foto abaixo, e que tornou as coisas bem mais tranquilas. Mas no segundo e terceiro dias, ele não pode aparecer, então eu que me virei sozinho montando trilho, armando escada, trocando luz, ligando fio, desligando fio, acendendo e apagando a luz de serviço, decorando toda a fiação dos refletores do quarto e da sala, repetindo os setups que a gente fez na quinta, principalmente para trilhos e movimentos de carrinho.

A maioria das imagens é do primeiro dia, porque foi o que mais teve tempo livre e disposição para registrar os acontecimentos. Lucas tava cobrindo a parte de elétrica, então fiquei dando cobertura pra André, que só ia aparecer durante a tarde, fazendo a continuidade dos planos gravados. Comentário especial para o cinzeiro registrado na foto. No fim do projeto, já era literalmente uma montanhazinha de cigarros e cinzas. Das vinte e cinco pessoas no set, acho que só umas cinco ou seis não fumavam incessantemente, conforme a tensão aumentava. Passei o terceiro dia todo com uma tosse de tuberculoso, muito bizarra!


No segundo dia meu nome ganhou mel e era chamado por quase todo mundo, para quase tudo, seja de elétrica, ou não. E quem sou eu pra negar um pedido? Peguei a manha e só andava com luvas num bolso, pregadores no outro, pronto pra qualquer grito de emergência. Nesse dia, pela manhã, as coisas ficaram bem tensas porque muitos refletores começaram a queimar ou parar de funcionar sem motivo aparente. Nessa brincadeira a gente perdeu muitas lâmpadas – eu e Felipe Lorca, meu chefe, mais responsável pela iluminação da coisa toda -, e para reconstituir a iluminação do dia anterior, tivemos que trocar quase todos os refletores do quarto, por outros mais potentes, diminuindo sua força através de filtros e atenuadores.

Levantar um fresnel de 2k até o teto do estúdio foi a operação mais complicada de todas, envolvendo três pessoas (eu, Lorca e Gustavo, um dos produtores), duas escadas e muito suor, sob luzes intensas enquanto o resto da equipe comia o almoço. Nesse dia ficamos sem o prato principal, estrogonofe preparado pelas meninas da produção (Mari Brecht, essa da foto abaixo, Bárbara e Mayara, todas as três são minhas coleguinhas de turma, do AV2010, ou simplesmente AVX).

Sobre o quesito “segurança no trabalho”, não acredito que tenhamos feito nada muito perigoso a ponto de colocar nossas vidas em risco. Pegamos umas lâmpadas bem quentes, que precisavam de luvas, subimos em escadas relativamente altas e toda hora estávamos perto de corrente elétrica, mas nunca fora de controle. Deu pra aprender um monte sobre essa parte que eu só tinha um leve conhecimento, de aprender na marra, por tentativa e erro. A foto ilustra um interruptor da sala onde almoçamos, na Antiga Reitoria, que costumava ser um laboratório cheio de computadores, mas agora é só uma sala com grandes mesas e muitas cadeiras.

Mesmo assim, lidar com elétrica requer “CUIDADO!”, porque “Pode explodir!”, e “É real”. Uma das primeiras coisas que me passaram de informação sobre a função era que o objetivo principal do responsável pela parte elétrica era não deixar o set pegar fogo ou coisas explodirem. Nenhum dos dois aconteceu. Quer dizer… uma lampada explodiu no primeiro dia, mas eu não tive envolvimento nesse ocorrido! hahahaha! Foi apenas o começo da onda de azar que atravessamos no segundo dia, narrado acima…

No terceiro dia, com a tosse e o cansaço, fugi do set por umas cinco horinhas depois do almoço, e fiquei na cozinha, conversando, cantando músicas das últimas décadas (90 e 2000) e dando risada para relaxar o corpo e o juízo, uma vez que não estava prevista nenhuma mudança na configuração das luzes do estúdio. Aí embaixo, temos Mari (mais uma), Diretora de Arte, e principal responsável pelos efeitos sangrentos da produção. Tenho coisas a aprender com ela também. No fim das contas, tenho coisas a aprender com todo mundo… Fico devendo a narração da cena da micareta, assim como fotos de abadá, e mais situações ridículas do começo do terceiro dia. Amanhã acho que coloco isso por aqui.

Por fim, esses eram nossos queridos diretores. Fábio e Murilo, dentro da obra mais complexa do cenário complexo, o buraco na parede, que por muito tempo serviu como base para o equipamento de som. Saíam fios e pessoas desse buraco, além de uma voz que dizia “som foi!”. Coisa de louco!

Depois dessa participação bem sucedida, já estou escalado pra dar assistência em seis dos oito cines. Oh céus! Teremos mais posts divertidos por aqui em breve, o próximo começa amanhã e chama-se “A Raposa”.

  • Fabio (Japonês) April 28, 2010 at 11:11 pm

    Fala, Tito! Só posso dizer que você foi essencial no set, sua competência ajudou muito a não aumentar a tensão, já que os três dias foram muto complicados! Não à toa todos já querem vocês em suas produções! Genial! Obrigado por tudo MESMO!

    Ah, e as fotos ficaram muito boas! Depois quero todas!

    Nos vemos na USP, velhinho! E não esqueça que serei o som do Paraguayo (já fui escalado pela Mari XD)!

    Abração!

  • Mari Brecht April 29, 2010 at 11:28 pm

    Vc só esqueceu dos Beatles sobrenaturais hehehehe

    Muito bom seu post, Tito. “Meu nome ganhou mel” foi o melhor.
    Que venham muitos (:

  • Diego Orge May 9, 2010 at 11:53 am

    hahahahahaha Eu vi totalmente as cenas que você descreveu na minha cabeça! Você sendo chamado feito a porra foi a mais fácil de ver! hahahaahaha Beijo, man!

  • Ferradans. · Raposa. July 11, 2010 at 5:59 pm

    […] a tradição começada com o Prazer Extremo, estava eu, ao longo da semana, participando do segundo Cine do ano, Raposa, como já diz o título […]

  • Ferradans. · [CINE] Arco Íris. August 9, 2010 at 9:12 am

    […] numa coincidência incrível. Até agora todos os cines de 2010 tiveram continuístas do AVX. O Prazer teve André na função, no Raposa era a May e aqui era o Felipe, esse aí da esquerda na foto. À […]

  • Ferradans. · Untouchable. August 11, 2010 at 10:16 pm

    […] Ricardo Miyada (fotógrafo do Raposa e Arco Íris) e Ana Paula Fiorotto (assistente de Direção do Prazer Extremo) e fotografado por Murilo e Anna Júlia, ambos também presentes no […]

  • Ferradans. · [CINE] Comando. August 15, 2010 at 12:07 pm

    […] do Prazer Extremo – que foi o único outro Cine de estúdio que tinha participado – o Comando foi feito […]

  • Ferradans. · [CINE] Pedro e a Cigana. August 31, 2010 at 5:45 am

    […] pelo Ricardo (fotógrafo do Raposa e Arco Íris) e pela Ana Paula (assistente de direção do Prazer Extremo) -, creio que você é uma pessoa normal demais para acompanhar esse blog. Vou tentar narrar o […]

  • Ferradans. · [CINE] Zero. September 1, 2010 at 12:24 pm

    […] tinta – mesma usada no Prazer Extremo – não pegava na parede com cal, e já tava diluída além do mínimo, problemas mil, mas no […]

  • Ferradans. · [CINE] A Vingativa Dra. Vanessa. September 8, 2010 at 12:44 pm

    […] até o fim. Isso resultou numa diária de quase 16h, o que é um absurdo tão grande quanto o Prazer Extremo. Mas, fizemos uma diária e meia num dia só. Aqui eu já era chefe de elétrica, segundo […]

  • Ferradans. · [CINE] Rito. September 20, 2010 at 10:37 pm

    […] Honestamente falando, esse foi o Cine com mais problemas. Mas não eram problemas espalhados, todos eles se concentravam ao redor de uma única pessoa. Um dos motivos de não querer falar sobre esse Cine, é que não daria pra falar dele sem deixar passar os enormes deslizes do nosso querido diretor Felipe Lorca (fotógrafo do Prazer Extremo). […]